Estávamos eu, meu marido e Aurora sentados na mesa com amigos quando ela pegou um objeto da minha bolsa e tentou explicar a utilidade daquilo para minha amiga. Rimos alto e imediatamente eu a corrigi em tom irônico: “não, filha! Não é assim que se usa” e continuamos rindo.
Quando olhei a expressão dela a vi murchar: do entusiasmo à humilhação. Aquilo destruiu meu coração!
Falei de forma insensível, tratei sua descoberta com indiferença e ainda desmereci a tentativa dela em participar da conversa. Que maldade!
Na mesma hora a botei no meu colo, expliquei para que servia o objeto sem piadas e ainda disse olhando nos olhos dela: “filha, mamãe tá muito orgulhosa de vc ter chegado a essa sua conclusão sozinha e ter compartilhado com a gente! Nós rimos porque foi espontaneo e engraçado. Agora que vc já sabe pra o que serve, conta pro tio Julio!”.
Na mesma hora ela recuperou a confianca e foi falar pro meu amigo o que tinha acabado de aprender.
Muitas vezes não percebemos, mas podamos as crianças em vários sentidos, seja falando “não” sem nem ouvir o pq, seja rindo das conclusões delas, seja pedindo para ficarem quietas e não “atrapalharem”. Tudo isso diminui nossos filhos, faz se sentirem um distúrbio, um transtorno, inibe e não contribui nada para que se sintam a vontade para aprender, criar, compartilhar.
Como pais precisamos estar atentos a essas nossas atitudes que geram consequências na personalidade deles. Devemos incentivá-los, ouvi-los, inclui-los e não o oposto. Por mais que seja difícil fazer isso no dia a dia, é muito importante ter paciência.
se isso não partir de nós que somos os pais, não virá de mais ninguém.
Fiquei triste quando percebi o que eu tinha causado nela com a minha arrogância de adulta, mas depois orgulhosa por ter notado meu erro e ter tido a oportunidade de corrigi-lo.
Sabe, aqui na Inglaterra não tem dia das crianças, mas dei um presentão pra minha filha: notoriedade! Fiz ela se sentir importante e amada, tive atenção ao detalhe de uma expressão.
Não existe brinquedo que sobressaia a esse cuidado. Não tem presente maior do que estar presente.
Por Thais Braga
@Maezonanoface