Sobre os caixotes da vida, os inevitáveis, já escrevi sobre eles em outro texto.
Pensando mais a fundo sobre o tema, me pergunto se preparamos nossos filhos para lidarem com essas batalhas que surgem em algum momento.
Nosso instinto é tentar livra-los de todos os sofrimentos, mas precisamos nos esforçar para deixar que, pelo menos, a marola os alcance.
Não sei se vcs tem essa sensação, mas me parece que vivemos em uma geração onde não há equilíbrio, em que falta educação emocional para lidarmos com a tristeza.
Vejo muitos jovens usando medicamentos fortíssimos para ultrapassarem um período de dor (mental e física, pq usam remédios para qualquer coisa, nem uma dor leve nas pernas depois de uma caminhada passa ilesa) .
Me perdoem esse julgamento totalmente infundado, baseado apenas em achismo e na minha ignorância que se respalda em situações que presenciei, mas precisava expor o que penso.
Sinceramente, eu acho que existem sim casos em que a medicação é necessária. Pessoas depressivas e que não conseguem sair de um ciclo de tristeza devem procurar ajuda médica e se for o caso, usarem medicação.
Mas será que todos os casos precisam? Ou será que apenas encontraram um caminho mais rápido (e perigoso), um atalho? Será que isso está gerando uma sociedade que pensa que sofrer não faz parte da vida? Nesse ponto esse assunto me assusta.
Crianças sendo medicadas para ficarem quietas, adolescentes no auge dos seus hormônios e descobertas, sendo medicados com anti depressivos.
Qual a consequencia disso? Estamos formando adultos doentes?
Me pergunto se há uma razão também? Será que falta acolhimento, conversa em via de mão dupla? Onde se ouve e se fala ? Num ambiente respeitoso, que haja troca, confiança, carinho, paciência.
Quando nossos filhos pequenos se aproximam chorando e pedindo ajuda nós estamos abertos a entender o que está se passando? Mostramos empatia? Tentamos acalma-los e buscar uma solução juntos? Ou apenas pedimos para eles se calarem e pararem de chorar?
Será que desde pequenos isso influencia em uma preparação para lidarem com os sentimentos no futuro? Além de falarmos abertamente, e com o devido cuidado, sobre os momentos ruins da vida, claro.
Uma coisa eu tenho certeza: Quando eu levo um caixote, consigo me levantar. Fico bamba, mas levanto. Se logo em seguida eu levo outro caixote, já fica mais difícil de levantar, me falta oxigênio, mas levanto. E assim por diante. Na realidade o tamanho da onda não é o fator que mais conta, apesar de ser bem importante também, mas quantas ondas seguidas a gente suporta.
Isso me faz refletir quando uma criança vem pedir ajuda aos prantos e a gente a corta. Ela engole o choro abalada, sozinha, mas engole.
Quando ela volta a se expressar, a pedir ajuda e isso ocorre repetidamente tendo o mesmo final: a recusa dos pais, o menosprezo dos sentimentos, a falta de apoio. Uma hora o oxigênio dela acaba, né?
Uma hora a vida cobra essa conta. Não tem jeito.
Devemos repensar nossas atitudes, elas têm um grande peso na formação dos pequenos. Precisamos ponderar sobre excesso proteção e excesso de “isso não é nada”.
Vamos entender que quando passamos por dificuldades também temos problemas para lidar com nosso humor, com nossos sentimentos. Se para nós é complicado, imagina para seres em formação, que ainda não possuem a experiência de vida que temos.
Para eles perder um brinquedo pode ter o mesmo impacto do que para nós represente perder alguém especial.
Vamos tentar agir com mais cuidado e paciência. Se algum dia quem estiver na pior for vc, ficará surpres@ com o tanto de amor e preocupação que eles estarão dispostos a dar.
Esta atitude de educar com respeito, verdade e amor não é apenas uma forma de ensinar a eles como sobreviverem à vida, mas também de criarem um pedaço de esperança para vcs mesmos. Um belo tubo de oxigênio em caso de caixotes seguidos, em caso de emergência.
Texto por Thais Braga
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