A base da maternidade é o amor. Sendo assim, para ser mãe, só é preciso amar! Tenho adoração e eterna gratidão pelas mães de coração. Eu as vejo como pessoas muito especiais, são anjos que amam incondicionalmente filhos que não foram gerados por elas, um vínculo que transcende porque amam a partir do olhar; digo que elas amam através da alma, porque os olhos são suas janelas, como já diz o ditado.
Mães de coração não sentiram o crescimento por dentro, muitas vezes nem acompanharam o desenvolvimento do bebê, mas quando se encontram, completam-se: dois lados em busca de amor, um lado que quer cuidar e outro que anseia cuidado.
Essa semana me peguei pensando nisso, de como esse amor nascido entre-olhares define tão bem o significado de maternidade e como essas mulheres merecem respeito e, até me arrisco em dizer, que podem ensinar muito sobre o amor, especialmente para uma sociedade que se perdeu dele e precisa, desesperadamente, aprender a amar o próximo.
Lembrei, então, de uma querida amiga, Vera Harouche, ela criou e conduz uma ONG no RJ há quase 20 anos. Recebe crianças que são consideradas em risco social, das comunidades do bairro da Tijuca. Como conhecia sua história pedi a ela que me escrevesse um texto para que pudesse contar a vocês e mostrar que existem muitas formas de se tornar mãe. Para mim ela é um grande exemplo de amor e solidariedade. Espero que possam se inspirar =)

“Por ser de uma família pequena, meu sonho sempre foi ter muitos filhos para quando ficasse velha poder ter aquela foto (que até hoje eu acho o máximo quando vejo) da matriarca com todos seus filhos, netos, bisnetos, etc., falhei, não pude tê-los, a natureza não me permitiu.
Cresci, adulta fiquei e o que fazer com todo amor que explodia dentro do meu peito? O que fazer com o instinto maternal que vivia a flor da pele? Não foi um período muito bom pra mim, angústia, uma quase solidão, um vazio que me acompanhava….
Acho que o Pai vendo toda essa angústia me colocou diante de um menino que me abordou no bairro da Tijuca com um caco de vidro na mão. E mesmo tentando usar a calma e o carinho para tentar tranquiliza-lo, ele feriu o meu braço com o vidro e logo em seguida fugiu.
Muito atormentada com o fato e consciente de que, além de mim, a própria criança que me agrediu também era uma vítima desta violência, percebi que precisava fazer algo que pudesse minimizar situações com esta. Então, com apoio de amigos, decidi criar uma casa onde fossem oferecidas oportunidades para melhoria na qualidade de vida de crianças, e assim surgiu, em 1996, o Espaço LOGOS.
Hoje, interpreto o maior papel que uma mulher pode representar, o de ser mãe, mãe de (atualmente) 30 filhos não paridos, mas mãe, porque educo, conduzo, aconselho, e principalmente uso a maior arma transformadora que existe: o amor materno.”
Vera Harouche
Para quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho da ONG LOGOS, só entrar aqui!